quarta-feira, maio 30, 2018

[RESENHA] A Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata, de Mary Ann Shaffer e Annie Barrows


Sinopse:

"Londres, 1946. Depois do sucesso estrondoso do seu primeiro livro, a jovem escritora Juliet Ashton procura duas coisas: um assunto para o seu novo livro, e, embora não o admita abertamente, um homem com quem partilhar a vida e o amor pelos livros. É com surpresa que um dia Juliet recebe uma carta de um senhor chamado Dawsey Adams, residente na ilha britânica de Guernsey, a comunicar que tem um livro que outrora pertenceu a Juliet. Curiosa por natureza, Juliet começa a corresponder-se com vários habitantes da ilha. É assim que descobre que Guernsey foi ocupada pelas tropas alemãs durante a segunda Guerra Mundial, e que as pessoas com quem agora se corresponde formavam um clube secreto a que davam o nome de Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata. O que nasceu como um mero álibi para encobrir um inocente jantar de porco assado transformou-se num refúgio semanal, pleno de emoção e sentido, no meio de uma guerra absurda e cruel."

Classificação: 4.5 ★

Trailer do Filme:

Ficha Técnica: 



Publicado em Portugal
Publicado no Brasil
Editora: Suma de Letras
Editora: Rocco
Número de Páginas: 448
Número de Páginas: 304
Data de Publicação: março, de 2010
Data de Publicação: março, de 2009
Como Comprar:

Wook:    Livro Físico - 17,30€
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Resenha:

Sabem aqueles livros cujo o título vos chama logo à atenção por ser tão diferente? Como já devem ter entendido este foi um desses casos. 
Citando uma amiga minha: "Não sei como é que os escritores conseguem ter a criatividade para inventar títulos tão chamativos". Eu também não sei, mas acho que isso acaba por nos mostrar um pouco da genialidade do próprio escritor... ou neste caso, escritoras.

Acho que foi das primeiras vezes em que vi o filme antes de ler o livro. 
Sim, o livro tem um filme e ele está neste momento em exibição nos cinemas portugueses.

É claro que só tive conhecimento deste livro e do filme porque uma amiga - que me é muito querida - convidou-me para o ir ver com ela. 

O livro e o filme são bastante diferentes. Vou deixar este tópico de conversa para um outro post, mas deixo-vos apenas com a ideia de que o filme é fantástico e o livro também, mas, embora esteja representado a ideia geral do livro, a história representada acaba por ser muito, muito diferente da que está escrita. 

Só ainda não entendi se isso foi bom ou mau, mas estou inclinada para o bom.

O livro retrata a jornada de Juliet Ashton, uma escritora que ganhou bastante sucesso sob o pseudónimo de "Izzy Bickerstaff" durante a Segunda Guerra de Mundial. Mas Juliet não quer continuar a escrever como Izzy; acredita que fazer as outras pessoas rir durante a Guerra foi bom, mas chega. 

E é entre o seu desespero literário por não conseguir descobrir qual a sua próxima inspiração para escrever outro livro que recebe uma carta de um habitante da ilha britânica de Guernsey, Dawsey Adams. Este possuía uma adoração invulgar pelo escritor "Charles Lamb" e que fora por causa de Juliet que ele ganhara esse gosto. O livro de Charles Lamb fora outrora de Juliet antes de ela o ter que vender para ganhar algum espaço nas prateleiras para comprar mais livros.

É assim que esta relação começa: através de cartas e mais cartas. Dawsey explica que Guernsey foi invadida pelos alemães, mas que eles gostavam que os habitantes estivessem em grupos de leitura, musicais ou outros projetos que denotassem um certo intelecto.

Foi por isso que, numa noite após um jantar bastante acalorado com comida de verdade e saborosa e álcool- muito álcool -, que os futuros membros da Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata  foram apanhados fora de casa à noite muito depois do recolher obrigatório. Foi aí que Elizabeth McKenna teve a ideia de se desculpar dizendo que estavam a ter uma sessão de leitura. Para saberem o porquê do nome e como é que realmente esta sociedade foi criada, têm que ler o livro. 

Muitos dos membros da sociedade não tinham adquirido o gosto da leitura, mas o que era melhor do que estar com um grupo de pessoas, que mais tarde se chamariam de amigos, quando o mundo lá fora está em guerra? 

Guernsey passou um mau bocado com a guerra, mas Juliet nem sequer pensara que as ilhas também tinham sido afetadas. E é entre correspondências entre Dawsey, Amelia, Isola, Eben e muitos outros membros da Sociedade, que aparece a figura de Markham Reynolds. 

Mark é um editor, é um homem rico, poderoso e lindo. E... é após muita entrega de flores, muitos jantares elegantes, festas VIP's que ele diz a Juliet que se quer casar com ela. 

Mas Mark não entende a paixão dos livros. Mark não entende que um plano romântico pode ser ficar em casa, os dois, um bom vinho e a luz das velas. Não entende que um bom plano também ler livros. 

Juliet vai para Guernsey. Ela encontrou a inspiração para o seu próximo livro: a Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata. 

Mas ela não estava à espera que a conexão que ela já tinha ganho com muitos dos habitantes da ilha, principalmente Dawsey, Amelia e Isola, se iria tornar num amor gigante. Ao ponto de ela repensar e tentar-se a ficar a viver em Guernsey, com Kit - a filha de Elizabeth.

Elizabeth Mckenna é uma das personagens mais importantes do livro, embora nenhum deles saber onde ela está, pois foi levada pelos alemães para um campo de concentração. Elizabeth é uma mulher de espírito forte, sempre pronta para ajudar os outros, com um toque de rebeldia e astúcia. 

Ela deixou Kit, a sua filha, na mão dos seus amigos. E enquanto Juliet vai entendendo toda a história sobre a sociedade e os seus habitantes, ela vai desenvolvendo um amor maternal por Kit. 

Dawsey gosta de ler, é astuto, perspicaz, observador, mas sempre calado. Ele entende Juliet e entende muitas coisas que os outros possam não entender ou não ver. A sua paixão por livros com um especial ênfase em "Charles Lamb" é das coisas mais enternecedoras do mundo. Isso será o suficiente para que Juliet se apaixone por ele? 

Esqueci-me de vos falar sobre Sidney. Ele é o melhor amigo de Juliet e é o seu editor. Sidney é homosexual, protege Juliet com tudo e de todas as formas que pode e é o melhor amigo que se pode ter. 

A história é-nos apresentada sob a forma de cartas. Isso mesmo, cartas. "De Dawsey para Juliet", de "Juliet para Sidney", de "Isola para Sidney", ...

As cartas não são aborrecidas. Muito pelo contrário. Todas as cartas estão sempre muito bem descritas e por isso acabas por não notar a ausência de diálogos. Talvez tivesse gostado de ler um pouco mais, de forma direta e sem as cartas, sobre o romance de Dawsey e Juliet. 

Este livro é perfeito para todos os amantes da leitura. Todos nós nos identificamos com as várias situações caricatas lá descritas. 

É um romance, mas também nos ensina sobre a segunda guerra mundial. Conseguimos entender ou ter uma visão mais aprofundada da miséria e do terror que todas as pessoas passaram. Vão ler histórias de partir o coração, vão ler histórias que vos fará rir e vão ler histórias deliciosas. 


Quem é Mary Ann Shaffer e Annie Barrows?

Mary Ann Shaffer, que faleceu em 2008, trabalhou como editora, bibliotecária e livreira. A Sociedae Literária da Tarde de Casca de Batata foi o seu primeiro romance.


A sua sobrinha Annie Barrows é autora de vários livros infantis, incluindo a série Ivy and Bean e o livro The Magic Half. Vive no norte de Califórnia.

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